Imagem que ilustra a capa desta
edição da revista Monocle dedicada à 'Geração Lusofonia'
A revista internacional 'Monocle' dedica a edição de Outubro ao mundo lusófono e, passando por todos os países de língua portuguesa, propõe-se mostrar «o porquê de o português ser a nova língua do poder e dos negócios». Com o título 'Geração Lusofonia' e mais de dez artigos sobre política, economia, cultura e design em português, a última edição da revista mensal «diz 'olá' ao mundo», foca uma comunidade que «faz negócios com um ritmo único» e questiona se não será este o momento de «libertar o [seu] enorme potencial». «Sentimos que o mundo lusófono é muitas vezes ignorado pelos outros (...) e era altura de alguém reparar», disse à Lusa o editor de internacional da revista, Steve Bloomfield, que assina o artigo de abertura da edição de Outubro. Uma entrevista com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, António Patriota, uma reportagem no atelier de Álvaro Siza Vieira no Porto, um artigo sobre os portugueses que estão a trocar Lisboa por Luanda e outro sobre a arquitectura portuguesa de Maputo são apenas alguns dos temas em destaque. Nas páginas da revista há ainda espaço para questionar se não será tempo de reconhecer o potencial dos Açores, já que «Portugal não sabe o que fazer com ele», e para contar como a «melhor cortiça do mundo» fornece produtores de vinho «icónicos», designers de moda e até a NASA. Descreve a rivalidade entre Rio de Janeiro e São Paulo nas telenovelas, enumera as 20 melhores estrelas de língua portuguesa, revela o segredo dos centros comerciais de São Paulo e descreve negócios que vão das antigas conservas de peixe portuguesas às brasileiras ‘Havaianas’. «Não fomos a todos, mas escrevemos sobre cada um dos países lusófonos e ainda sobre comunidades» na diáspora, como as de Goa, Macau e França, explicou Bloomfield. Embora Portugal tenha «problemas económicos sérios» neste momento, a comunidade lusófona inclui «países que estão a crescer economicamente e onde estão a acontecer coisas fantásticas», lembrou. O jornalista, que esteve em Lisboa e visitou a sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), reconheceu que já há tentativas de juntar os países para trabalharem juntos e que «algum do trabalho da CPLP é fascinante e incrivelmente ambicioso», mas defendeu que ainda há oportunidades a explorar. «A maior vantagem que vocês têm é que toda a gente adora os brasileiros e os portugueses. Têm muita empatia [soft power], são populares em todo o mundo e podem mesmo tirar partido dessa boa vontade», afirmou. Antecipando que a comunidade poderá vir a ser muito influente no mundo, o editor aguarda com expectativa os próximos desenvolvimentos. «Vamos ver o que acontece no Brasil com o mundial e os Jogos Olímpicos - isso será uma enorme oportunidade para os outros países lusófonos se promoverem -; vamos ver o que acontece com a recuperação económica portuguesa (...) e vamos ver se Angola se torna uma verdadeira democracia aberta». No artigo de abertura, Bloomfield citou o chefe da diplomacia brasileira quando diz que «há muitas histórias positivas a sair do mundo lusófono» e deixou um desafio: «É hora de o resto do mundo começar a aprender um pouco de português».
Lusa/SOL