ALTERAÇÃO DO ENDEREÇO

domingo, 4 de janeiro de 2009

A Lusofonia como comunidade de destino

Nos tempos mais recentes temos testemunhado o aparecimento de várias iniciativas lusófonas que, creio eu, têm vindo a tentar colmatar a inacção da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que existe mais no papel do que no mundo material. Entre estas, e outras há, numero o surgimento desta revista, da revista “Nova Águia” e ainda da “Magazine Grande Informação” e a “Afro”, todas elas publicações nitidamente lusófonas. Adicionalmente surgiram também, além da associação que gere esta publicação, o Movimento Internacional Lusófono e o Instituto da Democracia Portuguesa – Instituto este que também tem como bandeira a Lusofonia.Muitos dos membros de todos estes movimentos, entre os quais me incluo de quando em vez devido ao meu cepticismo, acreditam que Portugal e os países lusófonos terão um papel relevante no futuro colectivo do planeta, alguns apontam a já existente CPLP como uma organização que, bem trabalhada, poderá vir a obter o seu relevo internacional nos campos cultural, económico, social e inclusive militar uma vez ultrapassados os traumas existentes entre a antiga potência colonizadora, que foi Portugal, e as antigas colónias, e já é bem a Hora de ultrapassarmos todos esses traumas e construirmos, unidos, uma comunidade de destino comum: a Lusofonia!
Pela minha parte tendo a crer que a CPLP poderá não ser suficiente, como o próprio nome indica aceita somente países e existem nações lusófonas que não possuem nem Estado ou país seu, assim de memória consigo realçar Macau, a Galiza e a Goa portuguesa, e outras certamente existirão uma vez que já ouvi de alguns açorianos, e madeirenses também existirão a pensar da mesma forma, que gostariam que os Açores tivessem uma voz na CPLP, podendo os governos regionais colaborar onde o governo nacional não o faz… mas é uma questão delicada esta, já que acaba por insinuar algumas tendências separatistas. Goa, Macau e Galiza portanto, comunidades lusófonas que não são países, onde se incluem? Poderá a CPLP criar um estatuto para estas regiões de modo a participarem na mesma? Estou em crer que sim (volta e meia sou muito crente).
O mundo avança a um ritmo cada vez mais rápido, a Rússia desperta, o Império americano mantém-se, o Movimento dos Não Alinhados acaba por se ir alinhando, aos poucos, num dos lados… surge-nos a Lusofonia como terceira via, uma comunidade internacional espalhado pelos continentes europeu, africano, americano e asiático.Poderá advir daqui um novo bloco de influência internacional? Uma vez mais, creio que sim, mesmo a nível militar já imaginaram um contingente constituído por militares brasileiros, portugueses, timorenses, moçambicanos, angolanos e etc.? Um bloco de países nitidamente desfavorecidos e tidos, a Ocidente, como “terceiro-mundistas”, países que, como um todo, contam com uma riqueza material e cultural tão diversa quanto única, todos diferentes mas com uma língua que os une.Estaremos prontos para auxiliar na construção deste comunidade de destino? Por mim, desde já, digo Presente!
Publicado no terceiro número da revista electrónica Sem Correntes, propriedade da Associação Portuguesa de Cultura Afro-Brasileira.

Sem comentários: