Caminho desconhecido
Não sei onde vai dar o caminho pelo qual não vou andando. Como saberia? Não sou profeta, pastor, cartomante, quiromante nem condutor de gado?
Na verdade não sei de nenhum caminho, nem mesmo daquele a que denominam estrada já traçada; e nem mesmo pequeno beco ou carreiro, trilha ou trecho hipotético.
Não entendo absolutamente nada de caminhos, e nem sei por nenhum deles com qual tipo de pés se devam caminhar.
Tendo realmente andado, caso me tenha movido e seguido em qualquer direção terei seguido por um atalho ou beco sem sáida?
E se tiver andando em círculos e tendo já aqui chegado, ainda assim não sei ao certo se saí do mesmo lugar.
Estando eu como estou me sentindo surdo e mudo e também manco completamente dos atributos da inteligência, o que sou ou posso saber, de verdade?
Só por estar aqui em presença relativa com este meu gesto pobre e rude a escrever as provas de que vivo?
Mas quem ou o quê vive e realmente é este que penso ser?
É preciso mais que isso para viver e caminhar...
E se em nada mais sei estar presente, nem sequer se o sol é ardente ou a chuva fria!
Ou mesmo se alguma coisa há que garanta ser eu próprio eu, ou senão mera fantasia do que nem saberia descrever?
Mas, que ainda assim, enquanto este, escrevo?
De um olhar tão distante e de uma luz tão fria, o quê garante que sou eu e o que sou e aonde eu ia vá ainda, ou fui?
Convém respeitar os escritos, convém respeitar as palavras, mas aos conceitos que elas encerram porque encerremnem tanto não se devem respeitar, em virtude dos “encerramentos” e do que andem a apartar num cercado; ou mesmo numa arca ou ostra!
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