Quando se instalou, neste blogue, a polémica provocada pelas infelizes declarações “fabricadas” e atribuídas à pseudo-jornalista holandesa sobre o Brasil, eu pedi ao nosso amigo e colaborador Canojones para enriquecer, aquilo que eu pensava ser um debate, com o seu avalisado comentário.
Infelizmente, não me recordei dos debates inglórios que tenho tido sobre o tema que, temos de reconhecer, nunca foi pacífico. ( Em abono da verdade, deve-se dizer que o tema só não é pacífico quando uma das partes não quer basear os seus argumentos em factos reconhecidos e comprovados ).
Mas Canojones, um homem avisado, culto e inteligente, amante fervoroso do Brasil, onde tem passado uma boa parte da sua vida, veio acordar-me do sonho em que, de quando em vez, me deixo mergulhar.
Com o texto que se segue, pragmático, incisivo e apoiado em factos, Canojones vem pôr um primoroso ponto final na discussão.
“Tenho lido os artigos, mas decidi que "não dou mais para esse peditório".
Tenho-me chateado já com várias pessoas, inclusive algumas delas integrantes de grupos que vêm a Portugal, o último dos quais foi um de 23 brasileiros que estive a ciceronear durante 10 dias e que regressaram a Brasília no passado dia 2.
Apesar de eu ser um lutador pela divulgação da Verdadeira história do Brasil - que os brasileiros, na sua grande maioria desconhecem -, concluí que não vale a pena chover no molhado.
O que lá vigora é fruto do ensinamento assente em curriculuns escolares deliberadamente distorcidos e divulgados, até à exaustão, pelos meios de comunicação social brasileiros, na sua totalidade nas mãos de grandes fortunas e orientados por gente que pretende justificar que o atraso sistémico do Brasil é decorrente de ter sido Colónia portuguesa e não da verdadeira razão, isto é, que os detentores do poder efetivo atual são os descendentes e continuadores de quem recebeu os comandos do país após a independência, sistema esse que permanece inalterado até aos dias de hoje.
Quando ouço no Brasil alguém portador de apelidos tipicamente portugueses dizer que "fomos colonizados pelos portugueses ..." pergunto-lhe logo: "Você descende de índios?". Como a resposta é sempre "não, sou descendente de portugueses", eu acrescento: "então você é o continuador da colonização e não de colonizado, porque os seus ascendentes foram colonos". Ficam a olhar para mim com um sorriso amarelo, mas depois acabam por me dar razão, perante argumentos que não conseguem arranjar.
Em Fevereiro estive em Brasília. Fui ao Museu do Índio, entre outras visitas que fiz. À porta, a dar as boasvindas, estava um índio. Percebendo que eu era português, "disparou" logo: "vocês, portugueses, mataram muitos índios!" Então eu disse-lhe: "Você conhece muito mal a História do seu país. Você sabe que, durante a Guerra do Paraguai, que durou cerca de 5 anos e meio, o Império do Brasil matou mais índios do que em todos os séculos em que eles foram maltratados pelos jesuítas? Sabe que a língua guarani foi banida nessa altura, pois todo o índio que falasse guarani era imediatamente abatido, quer fosse brasileiro quer paraguaio?" Claro que ele nada disto sabia nem a maioria do povo brasileiro sabe. Aquele "cumprimento" que aquela pobre alma me deu logo à entrada foi o seu habitual bom-dia aos visitantes.
Portanto, meu caro, não perco mais tempo com essas coisas."
Infelizmente, não me recordei dos debates inglórios que tenho tido sobre o tema que, temos de reconhecer, nunca foi pacífico. ( Em abono da verdade, deve-se dizer que o tema só não é pacífico quando uma das partes não quer basear os seus argumentos em factos reconhecidos e comprovados ).
Mas Canojones, um homem avisado, culto e inteligente, amante fervoroso do Brasil, onde tem passado uma boa parte da sua vida, veio acordar-me do sonho em que, de quando em vez, me deixo mergulhar.
Com o texto que se segue, pragmático, incisivo e apoiado em factos, Canojones vem pôr um primoroso ponto final na discussão.
“Tenho lido os artigos, mas decidi que "não dou mais para esse peditório".
Tenho-me chateado já com várias pessoas, inclusive algumas delas integrantes de grupos que vêm a Portugal, o último dos quais foi um de 23 brasileiros que estive a ciceronear durante 10 dias e que regressaram a Brasília no passado dia 2.
Apesar de eu ser um lutador pela divulgação da Verdadeira história do Brasil - que os brasileiros, na sua grande maioria desconhecem -, concluí que não vale a pena chover no molhado.
O que lá vigora é fruto do ensinamento assente em curriculuns escolares deliberadamente distorcidos e divulgados, até à exaustão, pelos meios de comunicação social brasileiros, na sua totalidade nas mãos de grandes fortunas e orientados por gente que pretende justificar que o atraso sistémico do Brasil é decorrente de ter sido Colónia portuguesa e não da verdadeira razão, isto é, que os detentores do poder efetivo atual são os descendentes e continuadores de quem recebeu os comandos do país após a independência, sistema esse que permanece inalterado até aos dias de hoje.
Quando ouço no Brasil alguém portador de apelidos tipicamente portugueses dizer que "fomos colonizados pelos portugueses ..." pergunto-lhe logo: "Você descende de índios?". Como a resposta é sempre "não, sou descendente de portugueses", eu acrescento: "então você é o continuador da colonização e não de colonizado, porque os seus ascendentes foram colonos". Ficam a olhar para mim com um sorriso amarelo, mas depois acabam por me dar razão, perante argumentos que não conseguem arranjar.
Em Fevereiro estive em Brasília. Fui ao Museu do Índio, entre outras visitas que fiz. À porta, a dar as boasvindas, estava um índio. Percebendo que eu era português, "disparou" logo: "vocês, portugueses, mataram muitos índios!" Então eu disse-lhe: "Você conhece muito mal a História do seu país. Você sabe que, durante a Guerra do Paraguai, que durou cerca de 5 anos e meio, o Império do Brasil matou mais índios do que em todos os séculos em que eles foram maltratados pelos jesuítas? Sabe que a língua guarani foi banida nessa altura, pois todo o índio que falasse guarani era imediatamente abatido, quer fosse brasileiro quer paraguaio?" Claro que ele nada disto sabia nem a maioria do povo brasileiro sabe. Aquele "cumprimento" que aquela pobre alma me deu logo à entrada foi o seu habitual bom-dia aos visitantes.
Portanto, meu caro, não perco mais tempo com essas coisas."
4 comentários:
Farei chover mais uma vez no molhado, também!
Quando o Imperador foi deposto e se instalou a República, fora-lhe oferecido, pelo General, que comandou o golpe, grande quantia em ouro, para compensá-lo...
Mas o Imperador, sábio, incorruptivel, lhe respondeu que desta terra desejava apenas um travesseiro de terra para lhe servir de mortalha, e chamando o General ás falas, lhe dizia: "como o senhor pode dispor de um bem, que é do povo?"
E foi assim que o Império se despediu com honra, e a república iniciou com a corrupção, que vem se alargando e hoje o comando da rés-pública vai se tornando sindicalista, partidária numa verdadeira rés-furtiva.
Discordo de alguns aspectos dos seus textos. Penso que não houve análise histórica isenta e sim algo tendencioso.
http://mary-assuntosdiversos.blogspot.com/2010/07/brasil-terra-do-milagre.html
Cara Mary !
Obrigado pelo seu comentário. Se não concorda, agradeço que conteste indicando as suas fontes, para que o autor possa ficar informado.
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